Sempre que ouvimos o termo Tantra, ou mesmo pesquisamos sobre no vasto mundo da internet, a referencia que nos é dada para tal busca sempre retrata um casal cósmico em união sagrada, um par de amantes em união sexual/amorosa perfeita, ou mesmo deuses complementares que induzem ao pensamento de que o Tantra em si retrata um trabalho que lhe colocará em união perfeita com seu par, e sobretudo se esta união for de cunho afetiva/sexual.
Isso afeta e mexe com o imaginário das pessoas e principalmente as faz crer que há técnicas que podem resolver suas relações afetivas/sexuais quase como magicas em duas ou três posições “KamaSutricas”. Mas (in)felizmente não é bem isso que acontece, esse sonho relacional perfeito sem trabalho não acontece.
Mas aqui há um tantinho de esperança se lhe trouxer uma outra vasta visão sobre o que as pesquisas ou os conhecimentos populares não aprofundados podem mostrar como certeiros quando esse cenário é retratado. Ao mostra um casal cósmico em união perfeita e sagrada quando pesquisamos sobre Tantra, essa imagem pode ser entendida como a união perfeita dos opostos que nos habitam.
Somos filhos de um pai e uma mãe. Biologicamente para que haja o nascimento de uma criança, há a união de dois polos e isso aqui não necessariamente fala sobre um formato de família, mas sim e por fim na união biológica para que haja uma criança. Sendo filhos biológicos de um pai e uma mãe, temos ambas energias na nossa composição genética e energética. Yin e Yang, mãe e pai, feminino e masculino, somos fruto dessa união, a santíssima Trindade.
Esse retrato onde vemos um casal estável, diz respeito a união dos opostos complementares em nós, porém como o Tantra sequer é visto como uma filosofia comportamental pode ser entendido como tal, mas por uma dúzia de técnicas que vá acessar o potencial para que haja harmonia nas relações com nossos pares. Sendo que nosso par em primeiro lugar somos nós mesmo, porém somos acostumados a olhar e buscar fora, sempre do lado de fora, exatamente a visão que o ocidente acaba por propagar sobre o próprio Tantra.
O Tantra como nos é de fato ensinado por escolas tradicionais e dinâmicas mais corretas de acesso a esta energia, fala sobre uma busca antes de tudo solitária. Corresponde a imagem de um Yogui meditando sozinho numa montanha ou dentro de uma caverna, sentindo todo seu universo interior. As técnicas são passadas para que haja autonomia para manobrar e expressar sua energia sexual, que é sua energia vital, seu pulso de vida, e para que com isso você esteja em sintonia consigo e em simbiose com todo o meio que lhe cerca.
A tão desejada e sonhada união com seu par é ilusória caso não haja um matrimonio e união com os que habitam dentro de si. Somos seres impreenchíveis e tentar acobertar nossos buracos com os outros nos torna um grande aspirador de pó, um buraco negro sempre em busca daquilo que não nos satisfaz a procura do outro que nos transborde. Olhando nossas faltas temos maior verdade conosco e sabemos o que o outro não pode nunca nos dar, pois esta parte não nos falta de fato muito menos nos preenche.
O Tantra como filosofia vai lhe destravar das amarras ao qual seu condicionamento rouba tempo em buscar a perfeição que não existe, mas em manobrar fragmentos de si para que haja integridade e assim por sua vez, você desperta o ser mais vulnerável, consciente e autônomo para viver em qualquer cenário já visto em que vossa atuação exija, intercalado ao meio como próprio produto da natureza que és.